domingo, 9 de março de 2014

Ex-delegado Maurílio Pinto fala do seu legado à frente da Polícia Civil do RN.

"Xerife" Maurílio Pinto, 21 anos comandando a Polícia Civil"Xerife" Maurílio Pinto, 21 anos comandando a Polícia Civil
"Dediquei minha vida de corpo e alma à Polícia Civil, tenho a certeza que cumpri o meu papel em prol da segurança pública de Rio Grande do Norte, combatendo criminosos famigerados e nunca me deixei intimidar com as ameaças das quadrilhas", com essas palavras o ex-comandante da Polícia Civil potiguar começou a entrevista exclusiva concedida à reportagem do jornal O Mossoroense.
Maurílio Pinto de Medeiros, hoje com 73 anos, tornou-se conhecido no Nordeste depois de colocar na cadeia bandidos perigosos e quadrilhas interestaduais que agiam em várias cidades do Nordeste, especialmente no Oeste potiguar, com assaltos a bancos e carros-fortes.
Sua austeridade ao desempenhar a função rendeu-lhe o apelido de "Xerife", marca registrada em seus quase 50 anos de trabalho na Polícia Civil, sendo 21 destes à frente da corporação. "Sou o único brasileiro a passar mais tempo à frente de uma instituição policial. Detalhe: nunca fui nomeado por apadrinhamento político e sim pela minha capacidade e história dentro e fora da corporação", explicou.
Para Maurílio Pinto, desde que se aposentou, há pouco mais de dois anos, muita coisa mudou, inclusive a violência, que cresceu assustadoramente com o surgimento de quadrilhas especializadas em arrombamentos e explosões de caixas eletrônicos. "Hoje as quadrilhas agem mais na calada da noite, principalmente as que arrombam caixas eletrônicos. Essas quadrilhas usam equipamentos e armas modernas adquiridos fora do Estado, que em muitos casos as armas são mais potentes que à dos policiais", enfatizou.
O "Xerife" destaca que para a polícia combater esses bandidos está faltando motivação. "Não vejo hoje o policial motivado, seja ele civil ou militar. Os nossos profissionais estão com a autoestima baixa, falta motivação para exercer a função".
Com relação ao atual quadro da segurança do RN, o delegado aponta uma defasagem na polícia, associado à falta de estrutura, que compromete o trabalho das equipes policiais e fortalece a ação das quadrilhas. 
Ele aponta que o número de policiais deve ser aumentado com urgência. "O efetivo é muito pequeno tanto da civil quanto da militar. E também deve ser dado mais estímulo para os próprios policiais. Muitos deles não vestem a camisa e brincam de ser policial".
Maurílio Pinto faz uma crítica aos benefícios que o Estado concede aos policiais e aponta que as diárias operacionais oferecidas na realização de operações fazem com que o policial se desmotive. "Antigamente quando não existia a diária operacional, os policiais se dedicavam mais. Hoje existe a diária e isso concorre para muitos não quererem trabalhar. Eles só trabalham se tiver o dinheiro na frente. Se preocupam mais com o dinheiro do que em combater, fazer o seu trabalho", finalizou.

"Enfrentei Valdetário Carneiro e comecei a investigação que desencadeou na prisão de Mainha", diz o "Xerife"
Entre as inúmeras batalhas travadas com criminosos perigosos, o ex-comandante da Polícia Civil destaca os confrontos que teve com a quadrilha do assaltante de banco Valdetário Benevides Carneiro, um dos mais temidos pistoleiros que já surgiram no sertão potiguar. 
"Valdetário liderou uma quadrilha que tinha para mais de 100 homens, todos bem armados e conhecedores da região. Por diversas vezes enfrentei o bando, inclusive prendendo integrantes da quadrilha. Nunca me intimidei com as ameaças e perigos que enfrentei no dever da minha função", destacou.
O "Xerife", além de ter sido um comandante de ação, também foi o responsável por muitas investigações, como a que culminou na prisão do pistoleiro cearense Idelfonso Maia, o "Mainha", preso pela Polícia Civil do Piauí no início dos anos 2000.
"Mainha cometeu um assassinato na região do Alto Oeste e vários outros crimes de pistolagem em cidades cearenses que fazem divisa com o Rio Grande do Norte. Comecei a investigar o caso e descobri que ele estava escondido no Piauí. Repassei as informações à polícia daquele Estado e ele foi preso, sendo depois transferido para um presídio em Fortaleza, onde ficou até bem pouco tempo, antes de ser assassinado em uma emboscada", contou. “Antônio Letreiro” No entanto, nem Valdetário nem "Mainha" eram considerados pelo "Xerife" como os bandidos mais perigosos que atuaram no RN. "Tinha um pistoleiro chamado Edmar Nunes Leitão, que era conhecido por 'Antônio Letreiro'. Esse apelido ele ganhou porque atirava tão bem que diziam que ele escrevia o nome à bala. Inclusive uma revista estrangeira publicou uma matéria sobre essa habilidade que ele tinha de atirar", concluiu. Fonte: omossoroense.

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